quarta-feira, 14 de setembro de 2011

CHAPADA IN JAZZ E O DESAFIO DE FAZER CULTURA NA NOSSA TERRA


Neste domingo, retornei de Chapada dos Guimarães a noite, onde passei o final de semana assistindo o “Chapada In Jazz”. Voltei, como dizem aqui em Cuiabá, “supitado” de cultura de ótima qualidade.


Tive o prazer de estar presente neste evento também em  2009  e ver que nas duas edições as terras sagradas da Chapada receberam um nível elevadíssimo de músicos como Celso Pixinga, os irmãos Eduardo e Roberto Taufic, Ademir Junior, o grupo Galinha Caipira,  Nelson Faria, José Namen, Pedro Martins, André Vasconcelos, Davi Feldman, Sergio Groove, Leo Gandelman, Filó Machado e a galera aqui da “terrinha” Ebinho, Sandro Sousa e Sidnei Duarte, entre outros. 

O evento estava lindo, o clima propício, o som perfeito, as bandas magníficas, o público em êxtase cultural, porém, nem tudo são flores. Antes da passagem de som no sábado, sentei com Ebinho, que além de músico era o produtor cultural do ‘Chapada in Jazz’, para conversar sobre o evento e perguntei qual valor foi captado para a realização do projeto. Fiquei espantado em receber a resposta: “Algo em torno de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais)”. Mas como? Em um projeto que foi aprovado pela Lei Rouanet com recursos em torno de R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil)?!.

A dura certeza é que foram captados pouco mais de 15% do valor aprovado pelo Ministério da Cultura em 2009. Aí veio minha segunda pergunta, porque, como foi possível produzir um evento daquele porte, com três noites de shows de grande nível, com aquele valor? E a resposta foi simples: o recurso só foi suficiente para pagar a estrutura, a divulgação foi graças a parcerias e os “amigos músicos” vieram tocar por cachês irrisórios. Confesso que ao  ouvir isso  tive um misto de vergonha e tristeza,  porém me senti desafiado a fazer algo para que este tipo de coisa não se repita.

O evento que deveria ser anual, no ano passado não aconteceu porque não houve condições financeiras para sua realização. A entidade idealizadora do Projeto “Casa de Guimarães” precisou de dois anos para convencer alguns empresários a fazerem a renúncia  fiscal (dedução de imposto de renda) no valor de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais), bem como garantir que a SEDTUR e a Assembléia Legislativa de Mato Grosso dessem um pequeno apoio para que o projeto fosse realizado.

Isso demonstra a falta de visão cultural dos nossos empresários e também da nossa classe política, que vivem apoiando eventos milionários de baixo nível cultural  e deixam de apoiar projetos com tamanha magnitude, como o “Chapada In Jazz”. Pasmem,  mas o projeto este ano não recebeu nenhum centavo na nossa Secretaria de Estado de Cultura, cuja justificativa era de que não tinham verba para apoio. Lamentável. 
Estas atitudes de quem detém o poder político e financeiro, trazem  conseqüências drásticas para o público que gostaria de ver outros eventos no mesmo nível e, pior ainda, para os artistas que acabam indo embora, definitivamente, das  nossas terras por não conseguirem sobreviver aqui  da arte e do talento que possuem. Até quando vamos ver Ebinhos Cardosos, Amauris Tangarás, Marcelas Mangabeiras, Jaymes Ribeiros, Maurícios Detonis irem embora de Mato Grosso? Quando será que vamos conseguir que os nossos artistas, mesmo conquistando o mundo com o seu talento, continuem desfilando pelas nossas calçadas e pelas nossas “rodas” de artistas? 
Finalmente o ‘Chapada In Jazz’ será protocolado e certamente aprovado pelo Ministério da Cultura, espero que nosso empresariado corra atrás para apoiá-lo, pois o retorno de marketing cultural para a empresa  é inestimável. Espero também que a nossa classe política, esqueça um pouco da politicagem barata e demagoga e pense também na qualidade de eventos culturais como este.

Ebinho, Viviene, Eduardo, Monstrinho e demais envolvidos no projeto, nunca desistam para o bem da nossa cultura!.


Enio Marcelo Castilho
Publicitário
Produtor Cultural
Emc-mt@hotmail.com

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